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Psicanálise é pra mim?

  • Foto do escritor: Jorge Porto
    Jorge Porto
  • há 14 minutos
  • 2 min de leitura

Homem pensativo
Psicanálise é pra mim?

Quando devo iniciar uma psicanálise?


Esta pergunta ecoa silenciosamente nos corredores da nossa mente, nem sempre formulada com estas exatas palavras, mas persistente em sua essência. Afinal, em um mundo repleto de abordagens terapêuticas, onde situar a psicanálise? Entre tantas promessas de alívio para as angústias humanas, como reconhecer o momento de deitar-se no divã?


Para quem busca compreender as diferenças fundamentais entre as principais abordagens de cuidado mental, recomendo este vídeo onde são exploradas as distinções entre psiquiatria, psicologia e psicanálise – territórios que, embora vizinhos, possuem fronteiras e linguagens próprias.


O consultório psicanalítico frequentemente recebe perguntas reveladoras: "Isso que sinto é normal?", "Existe cura para o que tenho?", "Qual seria meu diagnóstico?", ou ainda, "Você está me analisando agora mesmo?". Estas indagações demonstram como estamos habituados a enquadrar nosso sofrimento psíquico no modelo médico tradicional: sintoma-diagnóstico-tratamento-cura.


Porém, a psicanálise navega por outras águas. Não há como separar o sofrimento psíquico do próprio ser do sujeito – não estamos lidando com uma fratura óssea ou uma infecção bacteriana. O que se desenrola no inconsciente é a própria trama da nossa existência: a intrincada dança entre desejos e interditos, as formas singulares de satisfação que compõem nosso modo de ver e ser visto, de falar e escutar, de lembrar e esquecer, de sonhar e despertar.


O processo analítico é delicado, muitas vezes longo, invariavelmente transformador.


Respeita-se o tempo subjetivo de cada analisando, o ritmo próprio das suas descobertas. A beleza deste trabalho revela-se frequentemente nos momentos de conclusão de uma análise, quando escutamos:


"É como se eu tivesse nascido novamente." "Todos deveriam passar por esta experiência." "Posso recomendar seu trabalho para pessoas que amo?"


Para quem deseja aproximar-se mais deste universo, sugiro algumas leituras:


  • Gabriel Rolón, psicanalista argentino dotado de sensibilidade artística ímpar, nos oferece "Histórias de Divã", onde relata encontros clínicos com uma narrativa envolvente que permite vislumbrar o que acontece no espaço analítico.

  • A coletânea "O que pode a psicanálise", organizada por Monah Winograd e Maria Virgínia F. Cremasco, expande a discussão para além da clínica tradicional, mostrando como o pensamento psicanalítico contribui em contextos sociais e institucionais diversos.


Ao final, acredito que a resposta à questão inicial emerge do desejo – mais profundo que qualquer necessidade – de transformar algo fundamental em sua existência. Algo que insiste, persiste e torna-se gradualmente incompatível com o que você projeta para sua vida. Algo com que você talvez tenha sido complacente, inconscientemente cúmplice, mas que agora se revela como uma limitação, ou que o define de forma inadequada.


Quando o sofrimento deixa de ser apenas incômodo e passa a ser questionamento, quando a dor se transforma em pergunta – talvez seja este o momento de iniciar uma análise.


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